domingo, 25 de setembro de 2011

Após campanha na ONU, Abbas é recebido como herói por palestinos

Após um discurso histórico na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, foi recebido como herói neste domingo pela população de Ramallah, na Cisjordânia. Na sexta-feira, Abbas apresentou à ONU um pedido de reconhecimento do Estado palestino, apesar de intensa pressão para que desistisse da iniciativa.

Milhares de palestinos saudaram o líder durante uma cerimônia em frente ao prédio do governo em Ramallah, balançando bandeiras e segurando cartazes com a foto de Abbas.

“Fui às Nações Unidas levando nossas esperanças, sonhos, ambições, dores, visões de futuro e a importância de um Estado palestino. Não duvidem por um momento que todo o mundo escutou nossa história e nossas aspirações com respeito", afirmou Abbas, em breve discurso.

O líder acrescentou que em Nova York contou ao mundo “que chegou a hora de uma primavera palestina”, assim com a Primavera Árabe, nome pelo qual ficou conhecida a onda de revoltas populares no mundo árabe.

"Somos realistas e dizemos que nosso caminho diplomático, global e internacional começou. O caminho é ainda muito longo. Haverá aqueles para impor obstáculos e rejeitar a legitimidade e nossos direitos, mas seremos mais fortes do que todos para conquistá-los", afirmou. "Levantem suas cabeças: vocês são palestinos", arrancando aplausos.

De volta à Cisjordânia, Abbas se reunirá com a liderança palestina para estudar a proposta do Quarteto para o Oriente Médio (integrado por Estados Unidos, Rússia, ONU e União Europeia) para impulsionar a retomada de negociações entre israelenses e palestinos.

No sábado, Abbas sinalizou que vai rejeitar a proposta. Em declarações à imprensa, o líder afirmou que não aceitará nenhuma iniciativa que não exija o fim dos assentamentos israelenses e um Estado palestino com as fronteiras de 1967.

A proposta do Quarteto não faz nenhuma das duas exigências. O texto solicita uma reunião dentro de um mês, no máximo, entre israelenses e palestinos para que se forme uma agenda de negociações, que deverá contar com um prazo final para uma resolução que não passe de 2012.

Além disso, o Quarteto propõe que cada um dos lados apresente suas propostas em relação a território e segurança em até três meses, estipulando o prazo de até seis meses para que elas sejam discutidas.

Para isso, o Quarteto pretende se reunir em uma conferência internacional em Moscou. Entre outros pontos, os mediadores também dizem ter o compromisso de se encontrar regularmente e intensificar sua cooperação com os dois lados.

Neste domingo, o dirigente palestino Nabil Shaats disse à emissora de rádio Voice of Palestine que nove países prometeram apoiar a campanha do país na ONU. Ele não revelou quais são os países, mas o número obrigaria os EUA a usar seu poder de veto para impedir a aprovação da adesão do Estado palestino ao organismo.

Os Estados Unidos - assim como Rússia, França, China e Reino Unido - tem direito a veto no Conselho de Segurança, formado por 15 países,

Israel

Contrário ao pedido palestino na ONU, o governo de Israel sinalizou que deve aceitar a proposta do Quarteto. O ministro israelense das Relações Exteriores, Avigdor Lieberman, afirmou que o plano “inclui um ponto muito positivo: a abertura de negociações sem condições prévias” – justamente o que é reivindicado por Abbas.

Neste domingo, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que Abbas deveria concordar com negociações sem condições prévias a fim de alcançar um acordo de paz.

Em declarações na TV americana, Netanyahu afirmou que seu conselho a Abbas é que "se quiser alcançar a paz, coloque de lado todas as condições prévias".

Com EFE, AP e AFP

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