Os Estados Unidos pediram que a junta militar que governa o Egito transfira o poder para os civis “o mais rápido possível”, num sinal de apoio aos manifestantes que lotam a Praça Tahrir para exigir a saída imediata dos militares do poder.
Em comunicado, a Casa Branca afirmou que os EUA “acreditam que o novo governo do Egito precisa ganhar autoridade real imediatamente”. “A total transferência de poder para um governo civil deve acontecer de maneira justa e inclusiva que responda às aspirações do povo egípcio o mais rápido possível", disse o texto.
O governo do presidente Barack Obama também lamentou as dezenas de mortes registradas durantes os choques entre policiais e manifestantes que aconteceram nos últimos dias. “Fazemos um apelo para que as autoridades egípcias investiguem as circunstâncias dessa morte”, diz o comunicado. “Mas a situação exige uma solução mais fundamental, decidida pelos egípcios, que seja consistente com os princípios universais”.
“O Egito já superou obstáculos no passado e fará o mesmo novamente”, acrescentou o comunicado.
A junta militar do Egito tenta resistir à pressão para deixar o poder, apesar das contínuas manifestações no Cairo e em outras cidades do país. Nesta sexta-feira, milhares estão na Praça Tahrir para o protesto "da última chance", que pretende reunir um milhão de manifestantes para exigir a renúncia imediata dos militares.
Ao menos dois partidos, os salafistas de Al Nour e o grupo da Gamaa Islamiya, participam da manifestação desta sexta. O principal movimento islamita, a Irmandade Muçulmana, afirmou que não estaria presente para "não impor obstáculos ao processo eleitoral". A primeira etapa da votação parlamentar egípcia está marcada para o dia 28.
O prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, líder pró-democracia do país, foi à praça e participou das orações. Em comunicado, justificou a rápida permanência dizendo que "não estava ali para fazer campanha eleitoral".
Ambulantes vendendo alimentos percorrem a praça misturados aos manifestantes que gritam palavras de ordem como "liberdade, liberdade" e "o povo quer a queda do marechal", uma alusão a Hussein Tantawi, chefe da junta militar. Diante da possibilidade de confrontos entre manifestantes e policiais, o Exército pediu na quinta-feira "união e controle para evitar que o país entre em um estado de caos".
Novo primeiro-ministro
Na manhã desta sexta-feira, os militares nomearam oficialmente Kamal Ganzouri ao cargo de primeiro-ministro, com a incumbência de formar um "governo de salvação nacional". Na noite de quinta-feira a imprensa estatal divulgou que Ganzouri tinha sido indicado ao cargo, mas não estava claro se ele tinha aceitado o convite.
O antigo gabinete de Essam Sharaf, nomeado anteriormente pela junta militar, renunciou no começo da semana por conta dos violentos protestos no Cairo e em outras cidades do Egito que deixaram dezenas de mortos.
Na praça Tahrir, a notícia da indicação de Ganzouri não agradou os manifestantes. Alguns viram sua idade - ele é quase octogenário - como um problema. "Ganzouri não é bom para este período de transição, que precisa de líderes jovens, não de avós", disse o estudante Maha Abdullah
Com AP, EFE e Reuters
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