A Polícia Federal no Rio de Janeiro, com apoio das polícias Civil e Militar e do Ministério Público (MP-RJ), deflagrou na manhã desta sexta-feira a Operação Martelo de Ferro, para cumprir mandados de prisão preventiva de 22 Policiais Militares e mais 24 pessoas envolvidas com o tráfico de drogas nas regiões metropolitana e dos Lagos e apurar a ligação entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), facções criminosas que atuam no Rio de Janeiro e São Paulo.
A operação foi chamada de Martelo de Ferro em homenagem à juíza Patrícia Acioli, assassinada em agosto em Niterói (RJ). Durante a manhã de hoje, 410 policiais, sendo 330 federais, cumpriam 46 mandados de prisão e 51 de busca e apreensão.
De acordo com a denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, a partir de investigações da PF, os PMs lotados no 7º BPM (São Gonçalo) são acusados de formação de quadrilha armada para praticar os crimes de concussão, extorsão, extorsão mediante sequestro, peculato, homicídio qualificado, entre outros. Ainda segundo a denúncia, eles se revezavam no recebimento de dinheiro e vantagens dos traficantes para não reprimir o comércio de drogas no Complexo do Salgueiro. Eles ainda são acusados de libertar integrantes do tráfico presos em flagrante e de devolver cargas de drogas apreendidas. Nos chamados "arregos", os PM´s cobravam dos traficantes de R$ 500 a R$ 10 mil, dependendo do tipo de extorsão.
A Corregedoria da Polícia Militar já havia prendido, recentemente, 18 dos policiais denunciados. Três deles têm o mandado de prisão cumprido nesta sexta-feira: Clewton Martins Coelho, Julio Cesar de Azevedo Alves Neto e Marcondes Luciano do Nascimento. De acordo com o Subcoordenador do Gaeco, Daniel Faria Braz, outros dois policiais denunciados, Jovanis Falcão Junior e Carlos Adílio Maciel Santos, são acusados no processo que apura a morte da juíza Patrícia Acioli.
Os fatos apurados na investigação da Polícia Federal revelam a prática de obtenção de valores, armas e drogas dos traficantes, vulgarmente conhecida como "espólio de guerra". A prática, segundo a promotoria, estaria diretamente relacionada à morte da juíza, cuja atuação estaria prejudicando a arrecadação espúria desses policiais.
Entre os outros acusados está Antonio Ilário Ferreira, o Rabicó ou Coroa, apontado como o chefe do tráfico do Salgueiro e uma das principais lideranças da maior facção criminosa em atuação no Estado. Preso desde março de 2008, inicialmente no Complexo Penitenciário de Bangu, Antonio foi flagrado em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça controlando o tráfico local por meio do telefone ou através do repasse de informações feito pela advogada Diva Gouveia Cunha, cujo mandado de prisão foi cumprido também nesta sexta-feira. Atualmente, Antonio Ilário está custodiado no Presídio Federal em Mossoró (RN).
Outro denunciado é Fábio Alves de Andrade, o Tatai, Panela ou Frigideira, que teria atuação no complexo de favelas da Penha e na comunidade do Turano, na Tijuca. Fábio é apontado como um dos fornecedores de drogas e armas para a quadrilha do Salgueiro.
Já Marcelo Hermínio Pereira, o Magrinho; Renato Muniz da Costa Freire, o Renatinho ou Acanhado; e Wallace da Silva Ferreira, o Jogador, são apontados como assessores de Antonio Ilário e responsáveis por comandar o tráfico de drogas na ausência do líder da quadrilha. Os demais denunciados cumpriam funções de gerentes das bocas de fumo, de soldados do tráfico, de "mulas de transporte das drogas e de informantes da quadrilha. Todos são acusados de tráfico de drogas e de formação de quadrilha para a prática de tráfico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário