segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Governo do Kuweit renuncia por denúncias de corrupção

Reuters Brasil

KUWEIT (Reuters) - O primeiro-ministro do Kuweit e seu gabinete renunciaram nesta segunda-feira por causa de denúncias de corrupção que vinham gerando críticas de manifestantes e deputados de oposição.
O emirado petroleiro tolera críticas políticas num grau raro na região, o que ajudou a blindar o país das turbulências da chamada Primavera Árabe, que já levaram à queda de quatro governos no norte da África e Oriente Médio desde o começo do ano.
Mas as tensões cresceram fortemente neste mês, quando manifestantes e parlamentares da oposição invadiram o Parlamento para exigir a renúncia do primeiro-ministro, xeique Nasser al-Mohammad al-Sabah.
"Decidimos submeter nossa renúncia para atender ao interesse nacional e devido ao perigo da situação a que chegamos", disse o xeique Nasser, segundo a TV estatal.
A invasão do Parlamento aconteceu depois que um pedido parlamentar para interrogar Nasser foi barrado pelo gabinete, o que a oposição disse ter sido inconstitucional.
Parlamentares contrários ao governo haviam alertado que, se Nasser não aparecesse para depor na terça-feira, iriam ampliar a campanha para derrubá-lo.
O Kuweit vive uma prolongada disputa política entre o governo, dominado pela família Al-Sabah, e o Parlamento, que tem 50 integrantes eleitos.
O emir, que nomeia o primeiro-ministro, que por sua vez forma um gabinete, aceitou a renúncia do premiê, segundo a agência estatal de notícias Kuna.
Há uma semana, o emir havia dito que a invasão do Parlamento fora um "dia negro para o país", e que não aceitaria a renúncia do premiê nem a dissolução da assembleia. Pelo menos 45 pessoas foram detidas no incidente
Nesta segunda-feira, fontes parlamentares disseram que, em caso de renúncia do governo, a formação de um novo gabinete poderia levar até três meses, e que nesse período as sessões parlamentares seriam suspensas.
Apesar da notícia da renúncia, a oposição decidiu manter um protesto convocado para a segunda-feira em frente ao Parlamento.
"Esperamos que o próximo passo seja dissolver o Parlamento, porque um quarto dos deputados foi citada para o promotor por causa de acusações de corrupção", disse o deputado Dhaifallah Buramia, da oposição islâmica, a jornalistas.
Desde que Nasser se tornou premiê, em 2006, sete gabinetes foram nomeados, e em três ocasiões o emir foi convencido a dissolver o Parlamento e antecipar eleições.
O gabinete anterior renunciou em março para evitar que o Parlamento interrogasse três ministros - esses interrogatórios são a principal arma do Legislativo contra o governo.
O fato de ter uma população pequena, beneficiada por generosos programas sociais bancados pelo petróleo, foi crucial para blindar o Kuweit dos protestos que já levaram à mudança de governo na Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen. O país detém cerca de 10 por cento das reservas globais de petróleo.

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