
Quando os espanhóis foram às urnas neste domingo, todos esperavam uma vitória fácil do Partido Popular (PP), o principal partido da direita no país, mas poucos previram a que o PP se tornaria o maior partido da Espanha de forma tão fácil. A legenda terá 186 deputados, a a segunda maioria mais ampla da história democrática do país. Diante do poder do PP, e de seu líder, Mariano Rajoy (foto), que será o novo primeiro-ministro da Espanha, o país começa a se questionar sobre o futuro.
O jornal catalão La Vanguardia destaca que, enquanto o Partido Socialista sofreu uma dura derrota (terá 110 deputados), siglas de esquerda da Catalunha e do País Basco, duas regiões onde o regionalismo é muito forte, ganharam força no parlamento. Ambas são muito distantes do PP e, assim, a principal dúvida que surge agora é se a vitória teve amplitude suficiente para Rajoy enfrentar sozinho a gravíssima situação do país.
O jornal El País, de Madri, afirma que as primeiras palavras de Rajoy mostram que ele está ciente do desafio que tem pela frente. Segundo o jornal, Rajoy sabe que as impopulares medidas que será obrigado a tomar no futuro imediato para conter a crise podem se voltar contra ele. Assim, não deseja governar sozinho.
“Serei o presidente de todos. Ninguém deve ter inquietude alguma. Não haverá sectarismo, nem pequenas divisões artificiais. Faremos um esforço comum mas sobretudo um esforço que será solidário. Convocarei todas as autonomias [governos regionais]. Não vamos fazer milagres, como prometemos”.
No jornal conservador ABC, também de Madri, o colunista Luis Ventoso pede que o novo chefe de governo espanhol faça reformas “já e não em janeiro” e diz que Rajoy está diante de uma “enorme responsabilidade”. Ventoso, entretanto, termina seu artigo de forma pessimista, lembrando que, por melhor que seja o novo governo, a situação da Espanha é tão difícil que o futuro do país pode ser decidido pela Europa.
Tememos, no entanto, que o sucesso ou o fracasso de Rajoy seja decidido em Berlim. Se a crise do euro é reversível, terá espaço para brilhar. Se a Alemanha analisou [a crise] de forma errada, se eles olharam demais para o próprio umbigo o gênio escapou da lâmpada, o bom senso de Rajoy será como colocar gasolina em um carro com pneus furados. Boa sorte. Porque a sua é a da Espanha.
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